Perguntas de algibeira
As perguntas que muitos fazem… mas que poucos sabem responder.
Que eleições são estas?
Para além do 44.º Presidente dos Estados Unidos, no dia 4 de Novembro estarão em jogo também todos os lugares da Câmara de Representantes e um terço dos lugares no Senado. Também sete Governadores estaduais vão a votos, várias assembleias estaduais e outros pequenos cargos estatais.
O que é que há de diferente este ano?
O Partido Democrata escolheu Barack Obama para seu candidato. Ele é o primeiro negro a ser nomeado para a Presidência dos Estados Unidos.
O Partido Republicano nomeou John McCain que, se for eleito, será o mais velho Presidente de sempre num primeiro mandato (72 anos).
Pela primeira vez desde 1928, não estão na corrida um Presidente em busca de um segundo mandato ou um vice-presidente em busca de um primeiro mandato como Presidente.
Quais as apostas políticas de cada um?
O estado da economia norte-americana dominou toda a campanha e pode influenciar a tendência de voto dos eleitores. O Iraque é outro tema “quente” e que divide os dois candidatos: Obama quer uma retirada a curto/médio prazo, enquanto McCain prevê uma retirada gradual à medida que a situação no terreno vá estabilizando.
Fomentar o acesso aos cuidados de saúde é um dos principais objectivos democratas, enquanto a imigração ilegal é o tema que mais “mexe” com os republicanos.
Preocupados com os preços do patróleo, os dois candidatos querem reduzir a dependência energética dos Estados Unidos do crude importado, mas as soluções propostas diferem.
McCain aposta na exploração de novas jazidas na costa, enquanto Obama defende uma maior eficiência energética nos automóveis usados pelos americanos.
Temas sociais como o aborto, investigação médica em células estaminais e casamento homossexual tiveram menos importância na campanha, quando comparados com a última eleição, em 2004.
A campanha é igual em todos os estados?
Não. Há estados onde um ou outro candidato nem sequer vão, dado serem bastiões do adversário. Um estado tipicamente republicano, como o Alabama, “não merece” a atenção de Obama, por exemplo.
Os candidatos apostam, isso sim, nos estados “flutuantes” - aqueles que tanto podem votar democrata como republicano e que podem significar a vitória para um ou outro lado. E até os anúncios televisivos são apostas locais.
Quais são esses estados-chave?
As tendências recentes mostram que os estados costeiros votam democrata e que os do interior apostam nos republicanos.
Há, no entanto, alguns que não têm voto certo. É o caso da Florida, Ohio e Pensilvânia (que têm, cada um, 20 votos no colégio eleitoral) e ainda o Colorado, Iowa, Michigan, Minnesota, Novo México, Nevada, Virgínia e Wisconsin.
E as previsões de cada um?
Obama acredita que pode desafiar McCain que foram, até há pouco tempo, bastiões seguros dos republicanos. É o caso da Carolina do Norte, onde o grande esforço tem sido o de garantir o voto da comunidade afro-americana.
Por seu lado, McCain julga poder ganhar no até agora democrata Oregon.
Afinal, vence o candidato mais votado, ou não?
Não necessariamente. Os eleitores não elegem directamente o seu candidato. Votam em “grandes eleitores” que, previamente, se mostraram apoiantes deste ou daquele candidato. São esses 538 “grandes eleitores” que escolhem, de facto, o Presidente e os maiores estados têm mais “grandes eleitores” que os pequenos estados.
As regras são iguais em todos os estados?
Não. À excepção do Maine e Nebraska, em todos os estados, quem tem mais votos elege todos os “grandes eleitores” desse estado. Nem que seja uma vitória por 0,1%, dá a totalidade dos votos ao republicano ou ao democrata.
Por isso, pode acontecer (como já aconteceu com Bush e Gore) que o candidato que teve mais votos no total não venha a ser o vencedor. Baste que tenha mais “grandes eleitores” que o adversário.
Obama e Mccain são os únicos candidatos?
Não. O independente Ralph Nader candidata-se pela terceira vez consecutiva (depois de 2000 e 2004). Acusado pelos democratas de ter dispersado o voto do centro-esquerda em 2000 e de ter contribuído para a derrota de Al Gore, este ano não deverá ter um papel tão importante. Defende um sistema de saúde universal e é contra a energia nuclear. Defende um imposto sobre a poluição e cortes radicais na Defesa.
Brian Moore, do Partido Socialista, quer o fim da guerra no Afeganistão e no Iraque, exige um sistema de saúde abrangente e universal e defende a nacionalização de sectores como a banca os seguros, a indústria petrolífera ou os transportes.
Obama não é o único negro a concorrer. Cynthia McKinney, do Partido Verde dos EUA quer uma política energética verde, é contra os alimentos geneticamente modificados e defende cortes profundos na Defesa.
Outro outsider é a voz do programa de rádio “Chuck Baldwin Live”. O pastor baptista Chuck Baldwin dá a cara pelo Partido da Constituição.
Porquê um elefante e um burro?
O elefante tornou-se a mascote dos republicanos em 1874. Tudo graças a um cartoon publicado na Harper’s Weekly. Dependendo do ponto de vista, tanto é visto como um animal forte e digno (pelos conservadores)… como grosseiro (pelos democratas).
Quanto ao burro, surgiu de um insulto e acabou numa prova de sentido de humor. Em 1828, Andrew Jackson era chamado de “burro” pelos adversários republicanos. Em vez de levar a mal… o democrata resolveu adoptar o animal como mascote do seu partido. Para os democratas é um símbolo de persistência, coragem e de trabalho, enquanto, para os republicanos, é teimoso e ridículo.
De onde vem o dinheiro gasto nas campanhas?
De várias proveniências. Antes de mais, existe o Political Action Committee, uma organização política independente dos partidos, constituída por vários grupos ou pessoas individuais que angariam todo o tipo de doações para as campanhas dos seus candidatos. A título de exemplo, há quatro anos, o “MoveOn”, de John Kerry, arrecadou milhões numa tentativa falhada de derrubar Bush. Este ano, a candidatura de Obama já bateu todos os recordes.
O que é a “batalha das celebridades”?
É uma guerra à parte. Para além do dinheiro, cada candidato tenta contar com o apoio público de celebridades, sobretudo do mundo do espectáculo.
Este ano, John McCain conta com Sylvester Stallone e Tom Selleck (actores), Arnold Schwarzenegger, Rudy Giuliani e Joe Lieberman (políticos), bem como com o General Norman Schwarzkopf (mítico militar da primeira Guerra do Golfo) e o antigo secretário de Estado Henry Kissinger.
Já Barack Obama conta com o apoio de Oprah Winfrey (apresentadora de TV), Toni Morrison (escritor), George Clooney, Scarlett Johannson, Halle Berry, Robert De Niro e Tom Hanks (actores), David Geffen (produtor) e Bruce Springsteen (músico). Isto para além de Ted Kennedy, John Kerry, Hillary Clinton, Al Gore ou o reverendo Jesse Jackson.
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