Critérios duvidosos
A Al-Jazeera foi até uma pequena localidade no Ohio para sondar os apoiantes de McCain e Palin. A peça que daí resultou é particularmente interessante. Os comentários que a reportagem colheu entre alguns dos eleitores são na sua esmagadora maioria racistas, falsos ou simplesmente… bizarros.
Desde a velhinha que insiste no já desmentidíssimo boato: “Ele não é cristão! Somos um país cristão, o que será feito do país se ele ganhar?” até ao jovem com uma filha às cavalitas que recorre a linguagem bíblica: “Obama parece-me um lobo em pele de cordeiro. Já a Palin, acredito que está cheia do Espírito Santo e trará integridade e honestidade à Casa Branca.”
A reacção dos republicanos foi de criticar a Al-Jazeera, e dizer que o jornalista tinha apresentado os comentários fora de contexto. Embora seja complicado perceber em que contexto é que comentários como “Temo que, se ele ganhar, os negros tomem conta do sistema” deviam ser lidos para ter um sentido diferente.
Mas talvez as críticas à Al-jazeera não sejam totalmente descabidas. Todas as pessoas com quem falaram naquele evento eram racistas primárias? Não havia uma única pessoa com dois dedos de testa? O critério de selecção dos comentários usados deixa algo a desejar, embora sirva para mostrar que atitudes e medos destes ainda existem, em particular nos meios mais rurais.
Destaque ainda para o pobre coitado que, tendo-se colocado perto da entrada do comício com um cartaz a apoiar Obama, depois se queixou de estar a ser insultado. Imagine-se!
Filipe d'Avillez
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